Trabalho aborda possibilidades de uso de tecnologias sociais
Por Gabinete da Reitoria/Jornalismo [26/08/2015] [12 h26]
Foto: Divulgação
A mestranda Anielle Gonçalves de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB, defende sua dissertação nesta segunda-feira, dia 31/08, às 14h15min, na sala R-301, com o título “Limites e Possibilidades no Uso de Tecnologias Sociais em Empreendimentos de Economia Solidária no Brasil”.
Compõem a Banca Examinadora: Prof. Dr. Ivo Marcos Theis (FURB); Profa. Dra. Vanessa Maria Brito de Jesus (Unicamp); Prof. Dr. Marcos Antonio Mattedi (FURB); Profa. Dra. Lilian Blanck de Oliveira (FURB).
Resumo da dissertação
A crítica ao sistema capitalista de produção não é nova. Desde que este sistema passou a ser dominante, iniciativas contrárias surgiram. Movimentos como os da Economia Solidária e das Tecnologias Sociais inserem-se neste contexto de lutas contra o capitalismo que hoje impera na maior parte dos países.
O desenvolvimento brasileiro deu-se tardiamente e foi historicamente marcado por concentração de renda nas elites. Isto fez com que as regiões brasileiras se desenvolvessem em ritmos desiguais e a combinação deste desenvolvimento gerou formas atrasadas.
Como ciência e tecnologia interferem neste quadro? Os indicadores que costumam ser utilizados para analisar ciência e tecnologia apresentam um quadro de desigualdade e concentração nas regiões dinâmicas (Sudeste e Sul).
Partindo deste contexto, o enfoque desta pesquisa é aprofundar a análise da proposta das tecnologias sociais nos empreendimentos de economia solidária brasileiros. Especial atenção é dada a seus limites e possibilidades, no contexto mais amplo do capitalismo brasileiro, periférico, baseado em políticas de Ciência e Tecnologia (C&T) reprodutoras de desigualdades sócio-espaciais.
O tema abarca, do ponto de vista espacial, o território brasileiro, e do ponto de vista temporal, o período recente - de 2001 até 2014. Esta pesquisa foi realizada pelo entendimento, por parte da autora, de que C&T convencionais contribuem pouco para a redução das desigualdades em um país como o Brasil. Pretendeu-se fazer uma análise crítica da reprodução capitalista no espaço brasileiro e também da economia solidária.
A pesquisa tem abordagem quali-quantitativa e caracteriza-se como exploratória. O levantamento bibliográfico e de dados é pautado nos autores e nos indicadores relativos à economia solidária e tecnologia social.
Além disto, aplicou-se um questionário com instituições/associações/organizações que fazem parte do universo das tecnologias sociais e/ou da economia solidária.
Alguns dos resultados obtidos apontam que, ciência e técnica estão presentes em nossas vidas e exercem um papel importante: modificar e melhorar o meio ambiente em que vivemos. Esta é a ideia da maioria das pessoas, uma crença de que C&T cumprem seu papel no desenvolvimento econômico e social.
Porém, ao estudar melhor a temática e analisar dados sobre a realidade brasileira, percebeu-se que a Política de Ciência e Tecnologia precisa dar mais ênfase para projetos que visem à redução das desigualdades sócio-espaciais.
A pesquisa com as entidades que apoiam os empreendimentos solidários mostrou que existe um grande potencial para uma maior interação entre os campos de Tecnologias Sociais e Economia solidária, que poderiam beneficiar e dar viabilidade aos dois movimentos.
A pesquisa buscou evidenciar que as tecnologias sociais, aliada à economia solidária, podem gerar arranjos sócio-técnicos capazes de se alimentar e ser alimentados pela utopia de outra sociedade possível, para além do capital.