Pesquisadores desenvolvem aplicativo para reconhecimento facial dos bugios

Pesquisadores desenvolvem aplicativo para reconhecimento facial dos bugios

Foto: Divulgação

Foi a partir de uma necessidade manifestada pelos médicos veterinários do Projeto Bugio que surgiu a ideia e desde 2019, a professora Andreza Sartori, do departamento de Sistemas e Computação da Universidade Regional de Blumenau (FURB), trabalha no projeto Estudo e Aplicação de Técnicas de Inteligência Artificial para o Reconhecimento Facial de Bugios Ruivos.

O Projeto Bugio completou 31 anos em março, sob o comando da professora Zelinda Maria Braga Hirano. Nasceu de um posto de observação de primatas no Morro Geisler, que deu origem ao Centro de Pesquisas Biológicas da Indaial, o CEPESBI que, por meio de um convênio firmado entre a FURB e a prefeitura de Indaial viabilizou o projeto.

Desde então, o Projeto Bugio atua na reabilitação dos primatas. Hoje, quando chegam ao CEPESBI, os bugios são micro chipados, reabilitados e mantidos sob cuidados humanos, quando não têm condições de serem reintroduzidos na floresta ou devolvidos à natureza, já quando sua recuperação é rápida e suas condições são apropriadas, retornam para a sobrevivência na floresta, mas seguem sendo monitorados. Em meio a este contato com os bugios, se percebeu que existem muitas diferenças entre eles, principalmente nas características do nariz, olhos e boca.

Ocorre que, quando os pesquisadores do Projeto Bugio capturam um animal para levá-lo a uma bateria de exames, é necessário fazer o uso de sedativos, que possibilitam o transporte seguro até o recinto. O uso em excesso destes sedativos atrapalha o percurso de vida do bugio e precisa ser evitado. E é para evitar essa sedação desnecessária, que teve início o projeto Estudo e Aplicação de Técnicas de Inteligência Artificial para o Reconhecimento Facial de Bugios Ruivo.

O projeto parte da criação de um aplicativo através de um algoritmo que consiga identificar as características faciais do bugio e puxe os dados específicos sobre ele. Mas existem alguns pontos que dificultam essa criação: primeiro porque para o aplicativo funcionar da maneira correta, as fotos dos animais precisam ser nítidas, o que é muito difícil de conseguir em meio a mata fechada. Outro ponto que prejudica a criação é que existem poucas pesquisas que façam esse estudo em animais, dificultando o algoritmo de aprendizado de máquina.

Mas apesar das dificuldades, o aplicativo é visto como uma necessidade real, que facilita a vida dos veterinários e pesquisadores. “Os veterinários que trabalham no projeto conseguem ter um maior controle desses bugios, então eles podem - sem ter que capturá-los, - apenas bater uma foto e de forma muito fácil e rápida, já reconhecer esses bugios”, conta Andreza, que é doutora em Informática  e Telecomunicações pelo Università Degli Studi di Trento, Itália.

As expectativas para a finalização do aplicativo são positivas, mas ainda sem previsão.  

 

Texto: Vanessa Trapp/Agência de Notícias do curso de Jornalismo da FURB, edição Jornalismo FURB.