O que os chorinhos de Ernesto Nazareth podem ter em comum com o jazz? Para o pianista, compositor e arranjador carioca Antonio Adolfo, muito. O que ele comprova com o CD Rio, Choro, Jazz. O disco comemora os 50 anos de carreira de Antonio Adolfo e pode ser considerado como um novo enfoque, desta vez bem mais ousado, jazzístico e menos parcimonioso, em relação ao álbum gravado por ele em 1981 com repertório do compositor.

 

O pianista vem recriando a obra do também carioca Ernesto Nazareth em seus estudos diários e em shows. Logo após sua bem sucedida participação no projeto Ernesto Nazareth 150 anos depois, Antonio decidiu que estava na hora de fazer um novo registro em CD. Para o show dedicou mais de três meses elaborando repertório, novas harmonias e formas. Nessa tarefa foi importante ainda sua experiência como pianista e compositor, praticamente assinando novas parcerias.

 

Ao piano o músico apresentou o show ao lado de Jorge Helder (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria). De volta ao Rio, prontamente arquitetou a gravação e somou participações de Marcelo Martins (flauta e sax soprano), Claudio Spiewak (violão e guitarra) e Marcos Suzano (percussão).

 

Estudioso da obra de Nazareth, Antonio Adolfo vê no músico brasileiro forte influência da música clássica (principalmente de Chopin), da polca, do lundu, assim como do fraseado dos pianistas do ragtime. A obra do compositor tem diversas abordagens já gravadas, mas pela primeira vez, sua música apresenta uma leitura mais jazzística. Antonio buscou a influência com que teve contato desde os tempos no lendário "Beco das Garrafas". Já em "Não caio noutra" transforma o choro no balanço do ragtime americano até chegar a uma explosão em samba jazz.

 

E para a parte rag conta com a com adesão de dois banjos: um tocado pelo norte americano Bob Whitlock, e outro pelo guitarrista brasileiro Rick Ferreira. No CD são nove composições de Nazareth e uma de Antonio Adolfo, que abre o disco.

 

Fonte: Ziriguidum