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Introdução
 
 
Acadêmico(a): Felipe Demarchi
Título: Migração do Sistema Aruana-Maleta para a Plataforma Android
 
Introdução:
O Brasil é um lugar de vocação natural para o agronegócio. Esse setor é responsável por aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB), 30,3% das exportações brasileiras e 37% dos empregos no país. O PIB no setor chegou a quase R$ 750 bilhões em 2008. Além disso, o país conta com um número significativo de produção agropecuária baseada na pequena propriedade familiar. Esse segmento familiar e seus negócios associados respondem por 9% do PIB nacional, garantindo a inclusão social de milhões de brasileiros. O país é um dos líderes mundiais na produção e exportação dos mais diversos produtos. As exportações passaram de R$ 56 bilhões em 2003 para R$ 131,4 bilhões em 2008. O país é o primeiro produtor e exportador de café, açúcar e suco de laranja. Lidera as vendas externas de carne bovina, carne de frango e tabaco. Em 2007/2008, a soja e o milho foram responsáveis, sozinhos, por 82% da safra agrícola total do país. (BRASIL, 2009 apud ZAMBALDE et al., 2011, p. 49).
A importância do mercado brasileiro de software e serviços de TI pode ser demonstrada pela posição que ele ocupa no mercado mundial, tendo chegado ao 12° lugar em 2007, com movimento aproximado de US$11,12bilhões, equivalente a 0,86% do PIB do Brasil daquele ano. Deste valor, US$ 4,19 bilhões correspondem ao total movimentado pelo setor de software produto (sem incluir serviços de TI) o que representa 1,6% do mercado mundial e 43% do mercado da América Latina. Estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (2008) aponta para um crescimento médio anual superior a 10% até 2010 para o mercado brasileiro de software e de serviços.
As empresas de agronegócios nunca foram consumidoras ávidas de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil. Ao contrário, enquanto o setor representa 30% do PIB, segundo critérios que incluem todo o ciclo de produção e venda, sua participação no investimento em TI é de apenas 2%. Mas este cenário está mudando, com um esforço crescente das empresas para buscar a atualização tecnológica. É o que mostra uma pesquisa feita pela consultoria International Data Corporation (IDC) com 75 empresas de pequeno, médio e grande porte. O relatório mostra que, em média, os orçamentos das companhias do setor devem aumentar 11% em 2006 em comparação com 2005, repetindo o desempenho do ano anterior, mas sobre uma base de comparação maior. O estímulo aos investimentos vem da competição cada vez mais acirrada que as empresas de agronegócios enfrentam, tanto no Brasil como no mercado externo. O setor tem enfrentado uma de suas piores crises mundiais, principalmente o segmento de grãos, confrontado não só pelo câmbio desfavorável, como pelo preço ruim provocado pelo excesso de estoques (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2006).
Conforme Mendes, Oliveira e Santos (2001, p.10), a agricultura é um setor extremamente heterogêneo, marcado por profundos contrastes econômicos, sociais e tecnológicos. Esta heterogeneidade é confirmada no Censo Agropecuário de 2006 onde destaca-se “a convivência, às vezes como vizinhos de porteira, da enxada quase pré-histórica com a aplicação de pacotes tecnológicos avançados” (MENDES; OLIVEIRA; SANTOS, 2011).
Uma das dimensões que precisa ter mais atenção nos estudos sobre inovação tecnológica na agricultura brasileira é a aplicação da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), responsáveis por uma revolução da vida social cuja profundidade talvez venha a ser comparável, dentro de alguns anos, àquela que marcou a passagem da sociedade rural para a vida nas cidades. É certo que até o presente as aplicações das TICs na agricultura estão avançando aos poucos, se comparáveis com o que já se vê em outros setores, tanto da indústria com nos serviços em geral. As TICs já estão presentes na agricultura, e, aos poucos, os softwares se tornarão tão essenciais neste setor como já o são na área financeira, no comércio e em muitos segmentos da indústria. (MENDES; OLIVEIRA; SANTOS, 2011, p. 9).
O mercado de dispositivos móveis, principalmente os celulares e tablets, está em evidência e conquistando um público cada vez maior, devido a diversidade de aparelhos e facilidade de aquisição. Segundo a Anatel (2012), o Brasil encerrou o ano de 2011 com mais de 242 milhões de aparelhos celulares em operação, representando um crescimento de 19,4% em relação ao ano anterior, que contava com cerca de 202 milhões de aparelhos. Ou seja, com o passar dos anos, a procura por este mercado está cada vez maior, transformando-o muito atrativo para todas as áreas.
A utilização de dispositivos móveis para a rastreabilidade bovina já se tornou uma necessidade para o mercado, sendo que os produtores de carne bovina buscam a facilidade e a praticidade para manterem o controle do seu negócio. Segundo Mendes (2006), a rastreabilidade bovina tem como seu principal objetivo garantir a qualidade do produto por meio de um controle de todas as suas fases de produção, permitindo uma perfeita verificação da matéria-prima que foi a responsável pelo produto final. Este sistema foi implantado pelo fato da União Européia, um dos principais clientes do país nesta categoria, exigir o acesso a todas as informações.
Conforme Mattos (2012), a Universidade Regional de Blumenau (FURB) através do Laboratório de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia (LDTT) desenvolveu no período de 2008 a 2011 um software de gerenciamento de pecuária de corte denominado Aruana . O sistema é composto por três módulos denominados: Aruana-Desktop (voltado para operações de campo sem conexão com a internet), Aruana-Maleta (dispositivo para coleta de dados em campo) e Aruana-Web (versão livre hospedada na FURB e disponibilizada para pequenos criadores).
O módulo Aruana-Maleta é responsável pela coleta dos dados de manejo em campo para posterior processamento na sede da fazenda (versão Aruana-Desktop). Este dispositivo é proprietário, baseado em uma plataforma Linux embarcado e possui uma série de características próprias para o manejo em campo tais como: alimentação com bateria de trator e um sistema de entrada de dados que simula uma interface baseada em toque. A aplicação Aruana-Maleta (assim como os demais módulos) é estruturada em três camadas, executada em um browser e interage com um banco de dados MySql local (MATTOS, 2012).
Neste contexto o presente trabalho dá continuidade ao Projeto Aruana aliando a disponibilidade e capacidade dos dispositivos móveis atuais e a capacidade de mobilidade propiciada pelo módulo Aruana-Maleta na produção de uma nova versão da aplicação baseada em Android.