O curso de Odontologia da Universidade Regional de Blumenau (FURB) oferece atendimento odontológico aos usuários do Centro POP, espaço mantido pelo poder público para fornecer assistência a pessoas em situação de rua. O atendimento é realizado pelos estudantes da disciplina Atividades de Extensão VI, sob orientação do professor Márcio Rastelli, nas clínicas de odontologia do campus 3. A iniciativa integra os esforços da universidade para promover a curricularização da extensão.

A demanda por atendimento odontológico partiu dos profissionais do Centro POP, ao perceberem que os usuários do serviço não se sentiam confortáveis para frequentar serviços de saúde convencionais por serem identificados como pessoas em situação de rua. A ideia foi levada ao Departamento de Odontologia no segundo semestre de 2023 e prontamente aceita por Rastelli. Os atendimentos têm sido realizados desde então, semanalmente, às sextas-feiras pela manhã.

Antes de iniciar os atendimentos deste semestre, professor e estudantes visitaram o Centro POP, para conhecer a realidade dos usuários e a estrutura de que dispõem. Uma primeira triagem foi realizada no local para identificar os casos prioritários. Durante os atendimentos nas clínicas de odontologia do campus 3, é possível realizar uma ampla gama de exames e procedimentos, tendo em vista que os estudantes envolvidos cursam o sétimo período do curso e possuem conhecimento avançado de todos os procedimentos odontológicos.

A psicóloga do Centro POP, Amanda Helena Cirico, acompanha os usuários e relata a dificuldade de pessoas em situação de rua procurarem atendimento nos serviços de saúde convencionais. A partir da mediação do Centro POP e das condições oferecidas pela universidade, foi possível inserir os cuidados odontológicos no cotidiano dos usuários do serviço e incentivá-los a aderir aos tratamentos.

Na avaliação do professor Márcio Rastelli, a alegria dos pacientes ao serem tratados com respeito e dignidade é o maior incentivo para continuar os atendimentos: “acho que a gente transformou algumas vidas. Tem um caso de um menino que a gente atendia no semestre passado que frequentou as 15 sextas-feiras em que funcionou o atendimento. A gente reabilitou aquele rapaz, ele conseguiu um emprego, agradeceu e trouxe presentes para as alunas, estava muito feliz. Esses exemplos nos deixaram muito satisfeitos em dar continuidade nesse atendimento”, relata.